29.10.16

Figueira da Foz – Lisboa = A primeira corrida de automóveis em Portugal

A corrida Figueira da Foz - Lisboa estava prevista para um domingo, dia 26 de Outubro de 1902, mas foi adiada pelo decreto do ministro Hintze Ribeiro. Segundo o jornal "O Século", o adiamento "por indicação do Sr. Ministro do Reino, a que a comissão promotora das corridas prontamente anuiu, em virtude das comunicações das autoridades respectivas, dirigidas ao Sr. Hintze Ribeiro, significando-lhe quanto seria difícil policiar as estradas e vilas do percurso – um domingo, dia em que há mercado em muitas povoações que os automóveis têm de atravessar. Por esse motivo, foi resolvido, não só evitar qualquer desastre sempre possível de se dar, como também deixar aos corredores a via mais livre, transferir a corrida para hoje". [27 de Outubro] 
A partida teve lugar às seis horas da manhã na Figueira da Foz e a meta estava localizada frente à igreja paroquial do Campo Grande, em Lisboa. Alinharam 14 veículos, entre automóveis e motos. G. Bordino (Fiat), Benedito Ferreirinha (Bólide), Abbott (Locomobile). C. Camargo (Locomobile), Edmond (Darracq), Tavares de Mello (Darracq), Afonso de Barros (Darracq), F. Martinho (Richard) e A. Martins (Clément) surgiram nos automóveis, a par das motos de José Bento Pessoa, Eugénio d´Aguiar, José Trigueiros Martel, António Paula e Batista de Santiago. 
Edmond, um piloto profissional que havia ganho o Paris-Viena, foi contratado pelo Dr. Tavares de Mello, responsável pela "Empresa Automobilista de Coimbra". Os dois foram reconhecer o percurso num Darracq de 9 CV, mas perderam muito tempo com problemas nos pneus e avarias e foram obrigados a jantar na Azambuja. "Depois de jantarmos, meti Edmond no comboio-correio para se dirigir à Figueira. Recomendei-lhe que dormisse para poder descansar, e pedi ao condutor do comboio que o acordasse em Alfarelos, para mudar de comboio para a Figueira da Foz e tomar a partida da corrida. O condutor esqueceu o meu pedido e Edmond foi parar a Coimbra", recordou mais tarde o Dr. Tavares de Mello. 
Vendo que o seu piloto não estava presente, o Dr. Tavares de Mello foi no carro de prova a Coimbra, sabendo que seriam desclassificados. Edmond tomou o volante e chegou a Lisboa com grande avanço, mas a vitória pertenceu ao italiano Bordini, contratado pelo Infante D. Afonso, filho de D. Luís e D. Maria Pia, que cumpriu o percurso em 7h 29m 25s. 
(Da secção “Aquela Máquina” do jornal Correio da Manhã, de 26.out.2016)

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